A onça-pintada, mamífero emblemático da fauna sul-americana, vem sofrendo grande declínio populacional, principalmente em virtude das ações humanas, como as queimadas voltadas para a produção agropecuária. Tal declínio tem despertado grande preocupação de diferentes setores, sendo importante o estabelecimento urgente de estratégias voltadas para a conservação desta espécie. Neste cenário, bancos de células somáticas representa valiosas ferramentas para a conservação da diversidade genética das populações, visando o emprego destes bancos na produção de embriões clones e geração de células induzidas à pluripotência. Para tanto, faz-se necessário avaliar as injúrias nas células geradas pela criopreservação para compreender como os aprimoramentos dos protocolos de conservação devem ser mais bem estabelecidos. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade, metabolismo, níveis de apoptose e estresse oxidativo em células criopreservadas/descongeladas derivadas da pele de onças-pintadas, visando à formação de um biobanco da espécie. Todos os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética e Uso de Animais (CEUA/UFERSA, no. 23091.0011507/2017-61) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, no. 57460-1). Para tanto, células somáticas em terceira passagem, isoladas a partir de fragmentos auriculares de cinco onças-pintadas mantidas em zoológicos da região nordeste do Brasil, foram criopreservadas por congelação lenta em uma solução composta por Meio Essencial Mínimo modificado por Dulbecco (DMEM) acrescido de 10% de soro fetal bovino, 10% de dimetilsulfóxido e 0,2 M de sacarose. Após duas semanas, amostras não criopreservadas e congeladas/descongeladas foram submetidas ao cultivo in vitro para realização das análises de viabilidade por ensaio de azul de tripan, atividade metabólica por meio do ensaio de (brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil tetrazolium]; MTT), e avaliação dos níveis de estresse oxidativo por meio da quantificação das espécies reativas de oxigênio utilizando a sonda diacetato de 2’,7’-diclorodihidrofluoresceína (H2DCFDA). Além disso, níveis de apoptose foram mensurados usando laranja de acridina e brometo de etídio. Os dados foram expressos como média ± erro padrão e analisados por ANOVA-Tukey (P < 0,05). Após cinco repetições (um animal/uma repetição), a criopreservação não alterou a viabilidade das células criopreservadas (73,2 ± 9,8%), quando comparada às células não criopreservadas (92,5 ± 6,2%). Contudo, a criopreservação alterou o metabolismo das células criopreservadas (32,7 ± 2,8%), quando comparado aquelas não criopreservadas (100,0 ± 6,0%). Embora de acordo com o ensaio de apoptose, um percentual superior a 50% de células viáveis tenha sido observado em amostras criopreservadas, estas células apresentaram um aumento nos níveis de espécies reativas de oxigênio (1,4 ± 0,1 vs. 1,0 ± 0,1 unidades arbitrárias de fluorescência), evidenciando estresse oxidativo. Em conclusão, embora células criopreservadas de onças-pintadas não sofram alteração em sua viabilidade, tanto quando foi avaliada pelo azul de tripan, quanto pelo ensaio de laranja de acridina/brometo de etídio, elas sofrem danos quanto seu metabolismo, e estresse oxidativo. Mais estudos são necessários para o aprimoramento dos bancos de células nesta espécie, sendo o presente trabalho um passo importante para esses avanços e, consequentemente, para a conservação de populações de onças-pintadas no Brasil e no mundo.
Comissão Organizadora
Thaiseany de Freitas Rêgo
RUI SALES JUNIOR
Comissão Científica
RICARDO HENRIQUE DE LIMA LEITE
LUCIANA ANGELICA DA SILVA NUNES
FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJO
Osvaldo Nogueira de Sousa Neto
Patrício de Alencar Silva
Reginaldo Gomes Nobre
Tania Luna Laura
Tamms Maria da Conceição Morais Campos
Trícia Caroline da Silva Santana Ramalho
Kátia Peres Gramacho
Daniela Faria Florencio
Rafael Oliveira Batista
walter martins rodrigues
Aline Lidiane Batista de Amorim
Lidianne Leal Rocha
Thaiseany de Freitas Rêgo
Ana Maria Bezerra Lucas